RPPN: uma forma de conservação da natureza
quarta-feira, julho 23, 2008
RPPN: uma forma de conservação da natureza
quinta-feira, julho 17, 2008
Nos anos sessenta, quando estudei no tradicional Colégio Estadual Paes de Carvalho, mais conhecido pela sigla CEPC, à época já centenário, havia uma disciplina que era ministrada em todas as séries: Canto Orfeônico, com a inesquecível professora Maria Luiza Vela Alves, mais conhecida pelos dois últimos nomes. Fui seu aluno quando ela já tinha próximo ou mais de 50 anos, mas ela era uma parada, prestigiando sempre os rapazes, deixando as moçoilas brabas. Fiz parte do coral desde o primeiro ano do ginasial, ficando de fora apenas no segundo ano. Mas no terceiro, quando fui chamado para solfejar a-a-a-á, acompanhando as teclas de notas (do, si, lá, sol) do piano, e fiz voz de gralha, desafinando de propósito para me esquivar dos ensaios aos sábados, em detrimento dos jogos de pelada, Vela Alves se lembrou de mim e disse “Pimentel, tu não me enganas”, mandando sua improvisada assistente me relacionar. E assim, voltei ao coral do orfeão. Como não havia jeito, tinham aqueles que tentaram burlar a mestra do canto em se conformar e, com o passar do tempo, quando após exaustivos ensaios, as quatro vozes se uniam, o “sacrifício” valia pela emoção que sentíamos participando daquele conjunto de vozes. Maravilha! E lá íamos participar das disputas com os demais colégios, na maioria os estaduais Magalhães Barata, Augusto Meira, Souza Franco e a Escola Normal, durante os festejos da Semana da Pátria. Bons tempos aqueles! No quarto ano o nosso coral iria participar de uma solenidade no Theatro da Paz, levando-nos a ensaiar com mais afinco. Lembro de algumas canções do repertório: “O que é que a baiana tem”, de Caymmi, “Uirapuru”, de Jacobina e Murilo Latini e “Violeiros”, cujo autor não lembro. Na solenidade do majestoso teatro construído durante a Belle Époque, iria o governador e o prefeito de Belém, além de outras autoridades civis, militares e eclesiásticas, como gostavam de anunciar os apresentadores de então. E assim todo mundo se preparou. Não sei como é agora a segunda-feira para os estudantes adolescentes. Mas, no meu tempo cada um que chegasse mais cedo ao colégio, antes do começo da primeira aula da manhã (sempre estudei de manhã), desfiava nas conversas o programa do domingo, os resultados dos jogos de futebol, os programas dos dois únicos canais de TV e os fatos que tinham abalado a cidade e o resto do Brasil e do Mundo. Mas naquela manhã percebi que todos se concentravam num único acontecimento, das fotografias que tiraram, dos cumprimentos e dos aplausos que receberam, dos trajes de gala e das pessoas importantes que estiveram no evento. Que evento foi esse, perguntei intimamente? Agucei os ouvidos para não “pagar mico”, mas não conseguia entender. Com voz quase inaudível perguntei a alguém, daqueles que apenas escutavam, de que fato estavam os exaltados falando entusiasticamente? Um dos colegas se virou pra mim e, antecipando-se ao perguntado, respondeu a pergunta que não lhe fizera: “da cerimônia do Theatro da Paz, cara!”. Um outro olhou pra mim e disse: “eh rapaz, tu não foste, por quê”? Dei um sorriso amarelo refletindo embaraço e frustração, dando uma explicação qualquer. Puxa vida, eu esquecera daquele programa, me envolvendo em alguma outra atividade qualquer do sábado à noite! Um outro se virou e disse que eu perdera o espetáculo, “uma apoteose!”, como ele fez questão de enfatizar. Fiquei intimamente desolado e fui salvo pelo toque da campainha chamando todos para a primeira aula. Os anos passaram e quando pela primeira vez entrei naquele majestoso teatro, uma sombra de tristeza e frustração se apossou de mim, pois, envaidecidamente poderia dizer para meus filhos, netos, amigos, que a primeira vez que ali entrara fora para me exibir no palco! Mas, essa satisfação nunca terei. Lembro do lapidar ditado de que três coisas não retornam: a pedra lançada, a palavra proferida e a oportunidade perdida. É como perder, quando fomos convidados, um aniversário de quinze anos, um casamento, uma colação de grau e outros eventos alusivos a uma pessoa amiga, evento que ocorrerá só aquela e única vez. Sempre quando eu entro naquele teatro me lembro dessa oportunidade perdida que talvez não tenha alterado nada na minha vida. Talvez tenha sido até providencial ter faltado aquele evento; somente Deus sabe! Mas, que lamentar, eu lamento!
É fato inconteste que muitas leis brasileiras, mesmo instituídas há décadas, ainda não atingiram razoável estágio de efetividade. Apesar da vigência da Lei 11.445, de 05.01.2007, que trata da Política Nacional de Saneamento Básico, no momento tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 1991/2007 que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos, encaminhado em 6 setembro do ano passado pelo governo federal, que como sói acontecer irá esperar longa e demorada tramitação. A futura lei irá estabelecer diretrizes, instrumentos, responsabilidades e proibições para o gerenciamento dos resíduos sólidos no país, ou seja, criar regras para a coleta, destinação e cuidados com o lixo produzido desde o âmbito doméstico até o industrial, assunto já disposto na referida Lei 11.445. O grave problema do lixo foi assunto discorrido neste espaço em março último, quando à época era lançada em Brasília a campanha Consumo Consciente de Embalagens, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com o objetivo de fazer com que o consumidor reflita sobre os muitos invólucros dos produtos que consume no dia-a-dia, coincidindo essa exposição com a Semana do Consumidor, que se realizava naquele mês. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE 2002), os resíduos sólidos domiciliares e comerciais coletados diariamente atingiram a marca de 228,4 mil toneladas, sem contar o que não é coletado e jogado em cursos d´água, terrenos baldios, lixões. O atual texto do Projeto de Lei nº 1991, que por certo irá receber emendas dos parlamentares, foi formulado com a participação de um grupo interministerial formado pelos Ministérios do Meio Ambiente, das Cidades, da Saúde, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Fazenda e Casa Civil. Se acrescente que o processo de formulação de propostas para a criação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos teve início há mais de 15 anos. E o referido projeto de lei levou em conta parte das propostas debatidas ao longo dos últimos sete anos em seminários regionais e nacionais com diversos segmentos da sociedade civil voltados para a gestão sócioambiental compartilhada de resíduos sólidos, com a participação ativa em seu processo de elaboração e difusão de propostas do Fórum Nacional Lixo e Cidadania, o Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo e o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. Como se observa, há anos o assunto está na pauta de comissões, grupos de trabalho e outras formas colegiadas. Mas, diante de todo esse empenho, a realidade demonstra que vivemos em mais de um Brasil, pois a matéria ao tempo que será discutida no âmbito legislativo, já consta do texto da recente Lei 11.445/07, bastando então que a União cumpra a lei sancionada no atual governo, assim como, colocar em prática a respectiva política pública, evitando que o meio ambiente espere mais um tanto de anos para a vigência de outro texto legal de duvidosa efetivação, enquanto o volume dos resíduos sólidos aumenta diariamente com mais da metade tendo destinação inadequada, sem contar os resíduos industriais com maior grau de contaminação, causando impactos ambientais que escapam aos olhos da coletividade: contaminação de lençóis freáticos e do solo pelo chorume e do ar pelos gases emitidos pela destinação inadequada, para os chamados lixões, dos resíduos gerados pelos milhares de municípios brasileiros, apesar dessa prática configurar crime ambiental.
sexta-feira, julho 11, 2008
De alguns anos pra cá, vez ou outra surge uma notícia de que os estrangeiros têm afirmado que a Amazônia não pertence ao Brasil e sim a toda humanidade, de que os brasileiros não sabem preservá-la e que estão levando-a à destruição etc. Diante desse absurdo surgem as mais estapafúrdias manifestações de defesa a essa forma de ameaça à soberania nacional, divorciadas de seu verdadeiro contexto. Este é um assunto para muito debate e muita discussão, mas que não tem merecido maior atenção nas pautas do Congresso Nacional e nem da diplomacia tupiniquim, até como forma de esclarecimento à Nação. Um discurso aqui, uma manifestação ali, e a coisa segue seu curso lentamente. Mas, uma coisa é inconteste: a realidade é que os brasileiros não conhecem a sua Amazônia, os amazônidas não conhecem sua região detentora da maior biodiversidade da Terra e que do ponto de vista científico, a floresta é também um tesouro biológico quase totalmente desguarnecido, conforme afirma Adalberto Luís Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). E antes de começar a esbravejar de que a Amazônia é nossa e ninguém tasca, de que a Amazônia é dos brasileiros e outros retruques do gênero, é preciso que todos os brasileiros conheçam a sua Amazônia. Não basta querê-la, não basta a vontade de defendê-la. É preciso conhecê-la. “A soberania da Amazônia não é uma questão bélica, é uma questão de conhecimento”, diz o diretor do Inpa, fazendo ainda uma afirmação mais pra lá do que óbvia, de que para a defesa de alguém ou de algo, o primeiro passo para proteger é conhecer. Claro, como poderemos nos arvorar a defender algo de que pouco sabemos ou de que nada conhecemos? Na última reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrida em julho do ano passado, nesta capital, seu presidente Ennio Candotti ao discursar, referindo-se aos acordos do Brasil com a Bolívia, Venezuela e Argentina, sugeriu que, ao se pensar e negociar acordos tarifários para os mercados da economia e da energia, seus presidentes pensassem também no intercâmbio científico e universitário, e que mais que um gasoduto atravessando a América Latina, precisamos de um “cerebroduto”, um “matemaduto”, que promova a circulação de idéias e competências e que acelere a formação de engenheiros, biólogos, geólogos, historiadores, antropólogos para a região. Candotti defendeu que a educação é hoje a principal reivindicação nestas áreas de ocupação consolidada. E eu acrescento a educação ambiental, seja de caráter formal ou não-formal. A realidade amazônica quanto a pesquisa é desesperadora, pois há anos que se vem batendo na tecla de que 70% de pesquisadores na Amazônia são estrangeiros e essa informação tem sido divulgada regularmente pela mídia sem que haja uma demonstração efetiva de que o alerta ensejou a modificação da consciência do Estado brasileiro nesse sentido. Se a nossa soberania fosse medida pela quantidade de cientistas e pesquisadores existentes na Amazônia, eu diria que há muito já a perdemos, precisando recuperá-la o quanto antes, mesmo que seja aos poucos. Algo deve ser feito nesse sentido, devendo cada um creditar sua contribuição, seja através da representação popular, seja através de qualquer meio legal e legítimo existente na sociedade civil organizada, em defesa não só à região como a pretensa ameaça à soberania nacional, reivindicando maior investimento e maior número de pesquisadores brasileiros na região, como também pela educação ambiental aos seus povos.
quarta-feira, julho 02, 2008
Salmo 133 - A excelência do amor fraternal - 08/05/2020
Lá pelo ano de 2000 eu fiz uma melodia para o Salmo 133, um salmo que eu já lera muito e que me levou a dar o nome HERMOM ao meu primeiro fi...
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