terça-feira, dezembro 16, 2008




Protógenes esteve aqui

A capital do Pará recebeu Protógenes Queiroz, o delegado que chefiou a famosa Operação Satiagraha, investigando os passos criminosos de um dos maiores banqueiros do País. Ele esteve na noite do dia 11 último no auditório da seção local da Ordem dos Advogados do Brasil estabelecendo um diálogo (e não uma palestra, como ele faz questão de dizer) com a sociedade, assistido por juizes, promotores, advogados, delegados de Polícia e outros integrantes da sociedade, sendo ao final aplaudido de pé. Lembrei de uma passagem de Isaías se referindo ao Filho de Deus: quem deu crédito a nossa pregação? Nada acontece por acaso. Tudo tem sua razão de ser, mesmo que não tenha sido programado e o resultado seja surpreendente. Naquela noite a Associação dos Delegados de Polícia do Pará (Adepol-Pa) fazia a confraternização anual com seus integrantes num jantar na sede da Assembléia Paraense, tendo o ilustre visitante aceito gentilmente ao convite para abrilhantar aquele evento, se constituindo em convidado de honra da categoria, recebido fraterna e cordialmente. Como os sábios orientais ele ouve mais e quando fala todos o escutam atentos, como ocorreu em sua despedida com poucas, mas significativas palavras, voltando a ser saudado de pé pelos presentes. Tive a honra de receber Protógenes à mesa que eu ocupava. Pareceu a mim e a outros que com ele dialogaram naquele jantar, o amigo de longas datas. No início da tarde do dia seguinte estive com a presidente da Adepol e mais dois colegas de categoria no aeroporto de Val-de-Cães para as despedidas ao insigne visitante. Estranho que nenhum de seus colegas de instituição que aqui trabalham tenham lhe acompanhado em sua rápida passagem naquela que outrora foi Santa Maria de Belém do Grão Pará, cabendo a nós, primos amazônidas, transformados em irmãos do coração, essa prazerosa tarefa. O Filho de Deus em sua passagem terrena era sempre recepcionado por estranhos. Protógenes é cristão e sabe disto. Alguém pode ver excessiva a movimentação que se faz em torno desse policial federal, achando que ele, como servidor público, apenas cumpre o seu dever, ao investigar por longos meses um prestigiado banqueiro freqüentador da alta roda política de Pindorama, reunindo provas para viabilizar sua responsabilidade criminal perante a Justiça. Voltei no tempo há dez anos quando recebia o título de cidadão de um dos municípios onde desenvolvi minha atividade policial. Ao agradecer da tribuna da câmara local a homenagem disse que apenas cumpria meu dever, mas que aquele gesto de representantes do povo me impunha maior responsabilidade para justificar a honraria. O reconhecimento do mérito, mesmo parecendo demasiado, serve de estímulo tanto a quem o recebe como aos circunstantes, na busca incessante do objetivo comum de bem servir. Portanto, as homenagens dispensadas a Protógenes são oportunas, legítimas. Apesar de o servidor público ter o dever de cumprir com desvelo seu múnus, reconhecer o trabalho bem realizado serve de referência a qualquer tipo de servidor, do mais humilde ao mais graduado, como alerta constante, diante da volumosa inversão de valores, de que a sociedade clama por um desempenho ético e dedicado, principalmente de quem é pago com o dinheiro do erário. Protógenes esteve aqui e sua dedicação, sua coragem e seu brilho foram reconhecidos.



(publicado no jornal "Público", Belém - PA, edição de 22/12/2008, primeiro caderno A2 - http://www.publicojornal.com.br)

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