quinta-feira, agosto 13, 2009


A verdade do procurador

Parece absurdo, mas estimativas do Ministério da Saúde revelam que diariamente no Brasil 290 mil pessoas dirigem alcoolizadas. E o excesso de bebida muitas vezes destrava a língua e revela o caráter do homem, emergindo aquilo que jaz no recôndito da alma. Foi o que aconteceu recentemente com um procurador do Estado, ao ser apanhado inteiramente sob o efeito do álcool, segundo teste do bafômetro, indo parar em uma delegacia de polícia, onde passou a lançar diatribes contra os policiais presentes, cuja conduta alcançou difusão nacional. Não tão jovem, nascido em berço de ouro, terceira geração de família tradicional de juristas, com o currículo recheado de títulos conquistados aqui e no exterior, ao se encharcar da “mardita”, da “manguaça”, como qualquer mortal, desandou em revelar o que se passa em seu íntimo. Está no Evangelho que “a boca fala do que está cheio o coração”. A situação me trouxe à lembrança a batalha “tipo Davi e Golias” que a categoria de delegados de Polícia trava junto ao Judiciário contra o governo do Estado para ter seus vencimentos paritários aos da categoria do bebum multi-diplomado, a sonhada isonomia, cuja luta se arrasta há mais de quinze anos, parecendo ainda longe seu desfecho. Os procuradores nunca externaram o que se imagina que pensam de nós, mas um deles não conseguiu segurar. E “se achando”, como coloquialmente virou moda, até com certa razão, vomitou seu aziúme. Pois, sendo detentor de maior conhecimento técnico, defendendo o Estado dos ataques judiciais ao erário, a maioria motivada pela má gestão de seus agentes, a começar pelo maior deles, acha que merece gozar os privilégios de uma casta de servidores aristocráticos, enquanto, os policiais, que defendem mal, que se diga, não porque não se esforcem, mas pela indigência de condições, mas defendem o cidadão, ou melhor, a coletividade, dos ataques à segurança de seu patrimônio e da sua vida, estão destinados a receber do mesmo Estado um tratamento de dahlits, na concepção do mesmo procurador. Contra as imagens e sons gravados dos fatos não há argumentos. Afora o crime de trânsito, pelas concepções doutrinárias o procurador não cometeu desacato, porque, apesar de sua douta formação, não podia avaliar sua conduta quanto as ofensas irrogadas à honra do servidor público no pleno exercício de suas atribuições. “Tu és um otário, eu posso de chamar de otário, tu não pode, sabia disso?”, “tu vai ser segurança de gente que vai te pagar, tu vai ficar gordo ... tu vai virar corrupto um dia ...”, “eu sou advogado, eu sou procurador do Estado”, “tu sabia que tu é babaca”? E nesse tom o doutorzinho desfiou tudo o que seu coração guarda: o preconceito, o nojo, o desprezo, por quem desempenha uma atividade simples, modesta, humilde, mas tão importante, tão necessária quanto a do advogado do Estado que enche a cara e sai dirigindo pela cidade, colocando em risco sua vida e a de seus semelhantes, principalmente os pedestres. Se não fosse contido, poderia, sabe Deus, imitar o deputado paranaense que recentemente, em condições semelhantes, ceifou duas vidas ainda jovens. Devia ele ficar eternamente agradecido por ter sido preso, interceptado ainda com vida, sem maiores prejuízos para si e para outrem, com sua integridade corporal preservada, diferentemente como ocorreu com o parlamentar, evitando maiores dores a sua família e famílias alheias. Em outro país, quem sabe, mesmo que não fosse para a cadeia, ele iria passar um bom termpo realizando serviços educativos à comunidade, a chamada sanção de cunho pedagógico, como forma de minorar seu ato, não bastando seu mea culpa simplório. Mas, um fato foi revelado: o conceito que o procurador tem de policiais, incluindo delegados, contra quem litiga em prol do Estado.


quinta-feira, agosto 06, 2009

No ocaso da vida







Faz-me rir, como gostam de dizer os lusitanos, quando leio sobre faniquitos, ataques de enfado ou gestos grosseiros de algumas pequenas celebridades diante da “perseguição” de fotógrafos, do assédio de fãs, da insistência de repórteres, dos comentários de jornalistas e outras manifestações do gênero. Pensar que algum tempo antes tais celebridades suspiravam exatamente por dose infinitamente maior do incômodo que agora revela sua hipocrisia. Esses gestos me lembram do espanto que tive ao ver a fotografia de uma setuagenária senhora. No rosto os sulcos e vincos da idade, marca dos anos vividos, contudo, trazendo ainda uma réstia de beleza. Mas, um pouco de maquiagem e ela estaria em condições plenas de encarnar qualquer papel de bruxa malvada como aquela que levou as maçãs para Branca de Neve, a Maga Patalógica ou a horrenda Madame Min que povoaram minha infância. “Essa mulher deve ter tido alguma beleza”, diria ou pensaria alguém que não a conheceu. Quanto à beleza física digo eu que era demais! Estonteante, de parar o trânsito (quanto vezes isto não aconteceu?), a motivar beliscões e reprimendas das senhoras casadas, das noivas e namoradas de então, diante da rápida, disfarçada ou explicita admiração de seus pares. Mas a diferença daquele tempo para os dias de agora é abissal. Ela foi um ícone, um sexy-symbol. Seu nome significava e irradiava beleza e sensualidade. Não foi exagero ter sido escolhida pelo marido cineasta e fã número um, para protagonizar o filme “E Deus criou a mulher”! Seu nome: Brigite Bardot. Hoje significa aquilo que o profeta escreveu: “as vaidades nada aproveitam e tampouco livrarão, porque vaidades são”, mas que a grande maioria dos seres humanos não atenta e só se dá conta no ocaso da vida. Ela atualmente preenche seus dias como ecologista na defesa das baleias, sem que tenha um naco da visibilidade que teria naqueles áureos dias, o que faz lembrar o pregador de Eclesiastes: “lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os dias maus (de canseira e tédio) e diga neles não tenho contentamento”. A lição milenar está ai para quem tiver ouvidos ouvir.



Salmo 133 - A excelência do amor fraternal - 08/05/2020

Lá pelo ano de 2000 eu fiz uma melodia para o Salmo 133, um salmo que eu já lera muito e que me levou a dar o nome HERMOM ao meu primeiro fi...