E lá se foi Bradbury
Conheci o magistral Ray
Bradbury lá pelo final dos anos 70 ou início da década de 80, ao ler “O Homem Ilustrado”, lançado em
formato de bolso nas bancas de revistas e que teve sua versão cinematográfica. Comecei a ler e fiquei deslumbrado a partir
do prólogo, parando nos intervalos da faina e outras atividades necessárias até
concluir a leitura em pouco mais de três dias, após reler algumas das histórias,
envolvido por um estilo espetacular. As centenas de contos que eu lera antes não
se comparavam aqueles, cada qual mais diferente. Um dos numerosos exemplos da
criatividade do autor na arte de escrever é
“Fahrenheit 451”, uma história, que também teve sua versão cinematográfica,
sobre um país onde os livros foram proibidos e os que eram encontrados eram
queimados. As criações literárias do velho Brad quase sempre se passam no futuro
e em outros planetas. E há também algumas com seus personagens voltando ou
fugindo ao passado. São como as parábolas, descrevendo traços da alma e do
comportamento humano. E “O Homem Ilustrado” traz em seu prólogo um homem que
teve seu corpo totalmente tatuado por uma estranha mulher que sumiu após o
serviço deixando gravado um turbilhão de astronaves, fontes, gentes, rios,
montanhas, estrelas, planetas, dispersos numa galáxia que lhe descia pelo peito,
predizendo o futuro e que se moviam à noite, ganhando vida própria. E o
narrador, um viajante que se encontra com o homem ilustrado, mais tarde, quando
descansavam à noite em uma área de camping, experimenta a sensação de ver tal
magia. E cada conto do livro corresponde a uma figura do tatuado, cada qual sem
conexão com os demais, num final surpreendente. Até então eu já lera vários
contistas e romancistas, entre os quais, os patrícios Jorge Amado, Machado de
Assis, José de Alencar, Érico Veríssimo, Humberto de Campos, os estrangeiros Herman
Hesse, Sartre, Hemingway, Victor Hugo, Exupery, Alexandre Dumas (pai e filho),
Voltaire, Irmãos Grimm, Hans Andersen, as fábulas de Esopo, Mark Twain, Sidney
Sheldon, Frederick Forsyth, mas nada parecido com o que escreveu o americano Bradbury.
Depois li outras obras suas: “O país de outubro”, “Os frutos dourados do sol”,
“As máquinas do prazer” (nenhuma conotação lasciva), “Crônicas marcianas”. Não
possuo mais o primeiro exemplar adquirido que tomou outro rumo (de outras mãos)
levando-me a adquirir outro e mais outros, a medida que saíram de meu domínio.
O que tenho atualmente é uma edição lisboeta e deve ser o quarto ou quinto exemplar adquirido, além de alguns
dos títulos citados. Minhas irmãs também leram, releram e se deliciaram com os
contos do mestre Bradbury que se foi para sempre no dia 5 deste mês de junho*,
quando estava em Los Angeles.
(*)Texto escrito em 13/6/2012.
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