Vai
começar outra vez
Após meio século o torneio de futebol mais badalado do Mundo vai começar
hoje de novo aqui no país dos brazucas. Aliás, esse termo “gentílico” acabou
inspirando o batismo da bola do torneio, em que pese, como assinala o crítico
literário Sérgio Rodrigues, que o termo nasceu em Portugal com tom depreciativo
aos brasileiros. Não percebo desta vez a empolgação de outras, mesmo elas
acontecendo fora daqui. Os repórteres setoriais das emissoras de TV cumprem seu
papel, buscando estimular o povo, criando bordões, vinhetas e outros recursos
animadores. Mas, nem mesmo assim o clima parece com o de outras épocas (82, 94,
98 e as outras três do atual século). Nos carros automotores um entre 50
aparece com uma bandeirinha ou adereço verde-amarelo. Lembro da decepção em 82
e também quando um político esperto, ainda no meio de sua trajetória política, disse,
após o fiasco no Sarriá, que as eleições diretas para governador, após duas décadas
acontecendo de forma indireta, fariam o povo esquecer o vexame da “seleção das
galáxias”, como chegou a ser chamado o escrete canarinho daquela copa. Se
ocorrer como das últimas vezes, só mesmo quem vai lamentar de verdade é o
torcedor ingênuo como eu já fui. Meu filho de 9 anos contava os dias e agora as horas, como há
pouco, lembrando em voz alta que faltavam 4 horas. Os políticos ávidos pela
reeleição, de olho nas eleições daqui a menos de quatro meses, para gastar e embolsar
o nosso dinheiro, parecem impacientes para que isso acabe (ufa) logo, de
qualquer jeito, indiferentes, seja qual for o resultado. Os jogadores
“estrangeiros” do time penta, vencendo ou perdendo, retornarão para seus países
de “origem” ganhando os mesmos salários fabulosos. E mesmo perdedores
continuarão em evidência. Continuarão a fazer os comerciais de
eletrodomésticos, bebidas, operadoras de aparelhos celulares e outros produtos.
De igual forma o técnico poderá ou não ser despedido, pois parece ser mais que
amigo do surripiador de medalhas, atual dono da CBF. E se sair perdedor do
título da mesma forma quase nada acontecerá com suas finanças, pois, sairá com
os bolsos atopetados de dinheiro. Mas, cá pra nós, tem muita coisa estranha
nesse angu. E a conquista do torneio lançará por terra vários protótipos da
massa em torno do técnico, principalmente aquele de que um raio não cai duas
vezes no mesmo lugar. Se ganhar, vai ser o primeiro na história do selecionado
brasileiro a ganhar duas vezes como titular (Feola em 58, Aymoré em 62, Zagalo
em 70, Parreira em 94 e o próprio em 2002). Vai ser o técnico que não deu certo
na Europa, mas deu na copa de seu país. Vai ser aquele que assumiu o elenco de
mais títulos, vindo de um clube que acabara de ser rebaixado para a série B,
mesmo que antes tenha ganhado a imprevisível Copa do Brasil. Vai quebrar a
escrita de que quem ganha a Copa das Confederações não ganha a Copa do Mundo. Bem,
tem muita coisa ainda para dizer. Por hora irei acompanhar o desenrolar dos
acontecimentos. Já está prestes a ser executado o hino nacional da partida de
abertura.
Um comentário:
Meu caro amigo. Fazia tempo que o senhor não fazia uma postagem. O que está acontecendo? Anda desgostoso com o mundo das letras do qual o senhor é um exímio analista? Realmente, as competições esportivas sempre causaram furor entre os povos e a Copa do Mundo, assim como as Olimpíadas, não são diferentes.
Acredito que o senso de competição, inclusive, impele o ser humano a se interessar, haja vista que o bom jogo causa prazer. Mas reforço, aqui, a importância de que esses eventos também possam unir os povos, hoje tão separados por sentimentos mesquinhos, que buscam conquistas muitas vezes às custas do sangue, do suor, do sacrifício e da alma alheia. Aí, não é um bom jogo. Enfim, que a Copa possa trazer benefícios para a população brasileira, tão achacada com a desigualdade reinante em nosso país.
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